Me assisti, era um ator,
Não mais eu - outro alguém.
Me assistia num palco,
E só eu, mais ninguém.
Mas de fato era um texto
Sem falas reais.
Era tudo um roteiro,
Não meu, mas de outrém.
Seria isso um ensaio, não a peça em cartaz?
Seria o ato de um drama ou comédia fugaz?
Será que lia nas linhas o que todos dizem?
Será que tragédia em disfarce de paz?
Não senti essa dor,
nem nunca disse amém.
Só subi no palanque
que aos modos convém.
Somente encenava,
E não chorei jamais.
Era tudo um passado,
um presente e um porém.
Quando vi, estava velho pro que ficou pra trás,
Mesmo assim, pro destino era jovem demais.
Se entre linhas sou lírico e vou sempre além,
Só, correndo, sou empírico, e assim sou capaz.
Então
Eu corri pra suar,
Pra ficar ofegante.
Eu corri pra chorar
Sem ninguém perceber.
Não corri pra lutar,
Quis ficar mais distante.
Eu corri pra escapar
Sem ninguém perceber.
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